Lar Casa Bela

O Lar Casa Bela trabalha para que a adaptação das crianças acolhidas seja feita da melhor maneira possível durante o processo de acolhimento institucional até a reinserção familiar. Quando os pequenos são retirados de suas famílias por conta da violação de algum dos seus direitos, são cuidados temporariamente pela equipe da casa lar. Nessa experiência de ruptura e durante o tempo que ficam longe de quem amam é preciso do apoio de diversos profissionais para que tenham seus direitos garantidos e uma adaptação tranquila à nova realidade.

Hoje, você irá conhecer a jornada de uma criança que chega no Lar Casa Bela, contada pelo próprio olhar do acolhido, o Marquinho. Olha só:

Quando o acolhimento institucional precisa ser solicitado

Oi, eu me chamo Marquinho, tenho 9 anos e estou aqui no Lar Casa Bela há 1 mês. Eu vim pra cá junto com a minha irmã Lara de 12 anos e o meu irmão Pedro de 1 ano. A gente morava com a minha mãe e o meu padrasto na casa da minha avó. Tudo parecia bem, mas depois de um tempo, algumas pessoas do CREAS e do Conselho Tutelar começaram a ir sempre nos visitar, encaminhavam a minha família para alguns atendimentos e davam um monte de orientações, a minha mãe parecia não conseguir seguir quase nada e as pessoas que nos visitavam sempre diziam que a nossa situação estava ficando cada vez mais grave.

Eu ainda não entendo muito bem o motivo dessa separação. Acho que talvez possa ser porque a nossa casa não tinha telhado, nem energia elétrica e às vezes chovia lá dentro. Mas quem sabe também era porque a minha mãe precisava de ajuda para cuidar da gente ou porque a minha avó pegava um monte de lixo na rua e levava pra dentro da nossa casa.

Teve um dia que essas pessoas, que eu descobri ser do Conselho Tutelar, foram buscar eu e meus irmãos para irmos para um novo lar. Eu fiquei muito assustado!

Como assim me separar da minha família? Eu sempre fui feliz com ela. E para onde eu iria? Quem ia cuidar de mim e dos meus irmãos?

Eu chorei muito. Muito mesmo.

Era pior do que quando ficava sem algum doce ou quebrava meu carrinho preferido. Tentei fugir, correr, mas não tinha jeito. Me levaram para um lugar que chamavam de Lar Casa Bela. E aqui estou acolhido com os meus irmãos desde então.

A adaptação de crianças no acolhimento infantil

Quando chegamos aqui no Lar, a gente foi acolhido com muito amor. Mas eu ainda não entendia muito isso de acolhimento infantil. Então o Raul, que é o psicólogo daqui, conversou com a gente. Ele foi muito legal e nos explicou que a adaptação de crianças, como eu, no lar é um processo que demora um pouquinho de tempo. E que enquanto estivéssemos acolhidos, teria um monte de gente para cuidar de nós e ele me garantiu que os meus irmãos ficarão aqui comigo e quea minha família também estaria sendo cuidada. Eu fiquei muito aliviado quando ele me garantiu que não é culpa minha estarmos aqui (eu pensava que talvez pudesse ter feito algo de errado). Mas ele disse que é uma forma de cuidarem de mim e dos meus pais.

Junto comigo moram várias outras crianças aqui na casa lar.. Esses dias eu estava conversando com o Joaquim, um dos meus melhores amigos também acolhido aqui e a gente percebeu que todas as pessoas que cuidam da gente são como grandes super-heróis. Sabe porquê? O super-herói tem um poder especial e todos os tios e tias que ficam aqui no Lar também têm um trabalho especial de cuidado com a gente para nossa melhor adaptação. Eu e meus amigos passamos por tantas mudanças em tão pouco tempo, é muito bom saber que aqui é um lugar seguro!

Uma equipe completa para atender as crianças

O dia no Lar começa cedo. A tia Tânia, é uma das cuidadoras que trabalham aqui, ela ajuda na adaptação e no cuidado das crianças que, assim como eu, ainda sentem muita saudade de casa. Todos os dias, ela me acorda com uma voz doce e cheia de amor. Chega bem pertinho de mim e me dá um beijinho, dizendo que é hora de começar o meu dia. Eu acho engraçado, mas sabe que também é gostoso?!

Quando vou tomar café da manhã, a tia Sônia é quem está desde cedo colocando tudo na mesa. Ela disse que gosta de deixar a mesa bonita porque é importante para crescermos saudáveis e também que a gente come com os olhos.

Como assim comer com os olhos?

Depois do café, as tias dizem que já estamos prontos para fazer as nossas atividades. Eu tenho aula de violão, futebol, faço um álbum com a história da minha vida, estudo com a ajuda da tia Carla, a nossa psicopedagoga e brinco um monte com a Bruna, que é nossa recreadora. E apesar de ainda ser pequeno, tenho certeza que essa rotina divertida e cheia de brincadeiras é a parte mais fácil da adaptação de crianças. Todo mundo vive dizendo que a gente aprende brincando, eu estou achando que é verdade, sabia?! Parece que tenho aprendido tanta coisa e tem sido divertido demais.

Eu também tenho aula de reforço escolar, pelo o que entendi, parece que eu estava bem atrasado na escola. Mas agora estou aprendendo a ler e escrever e estou adorando poder escrever minhas próprias historinhas.

Na hora do almoço, o Lar fica muito animado. As tias do escritório sobem para almoçar com a gente. Sempre sentamos todos juntos a mesa, conversamos sobre o nosso dia, damos risada e até levamos umas broncas quando aprontamos.

Depois do almoço, a tia Tânia e a tia Sonia vão embora e chegam as tias Rita e Célia. São elas que cuidam de tudo que acontece na parte da tarde. Fazem o nosso lanche e jantar, nos dão banho e lá no final do dia nos colocam para dormir.

Sabe um segredo? Eu tenho um carinho especial pela tia Tânia, ela tem o cabelo macio e fala parecido com a minha mãe. Quando eu fico com muita saudade e choro, é ela quem me dá colo, conversa comigo e fala que vai ficar tudo bem.

Tem também as tias da equipe técnica, que são muito engraçadas e parecem sempre preocupadas. Vivem correndo de um lado para o outro, estão sempre carregando um monte de papéis, chamando alguém para conversar ou participando de alguma reunião. A Amanda, que é a coordenadora, diz que é porque ela e as outras tias precisam cuidar da nossa família e da nossa história. Ela me disse que o que as tias fazem é uma coisa que tem a ver com assistência social, psicologia, gestão de equipe e desenvolvimento institucional, atividades fundamentais para o trabalho de excelência do Lar Casa Bela.,

Mas sabe, eu percebo que quando elas entram aqui na casa a expressão delas muda, de repente abrem um sorrisão, deixam os papéis de lado, perdem um pouco da pressa, sentam no chão, fazem cócegas na minha barriga e querem saber sobre mim. O que mais gosto é quando querem saber como eu estou ou quando me dão notícias da minha família. Elas realmente se importam comigo e com os meus irmãos.

E nem sempre eu acho fácil esperar e esperar. Tem alguns dias que o bichinho da raiva aparece, eu fico briguento, quero quebrar as coisas ou brigar com meus amigos. Mas quando passa eu sempre choro um monte e as tias me ajudam a entender o que eu estou sentindo e como posso lidar melhor com isso (acho que essa parte ainda estou aprendendo).

Mesmo de longe, o laço é mantido

A minha mãe veio visitar a gente algumas vezes. Ela disse que estão tentando melhorar as coisas lá em casa e que logo a gente vai estar junto de novo. Eu sempre gosto quando a mamãe vem nos ver, mas a Lara sempre se tranca no quarto, parece que ela fica triste e eu não entendo o motivo. Ela não devia ficar feliz? O Pedrinho adora a visita também, mas sempre fica chorando quando a mamãe vai embora. Dá tanta saudade!

Estar em uma casa lar é mais legal do que eu podia imaginar, mas o meu maior sonho é voltar para casa com a minha família. Vou sempre lembrar desse tempo com muito carinho e felicidade por ter tanta gente cuidando de mim, dos meus irmãos e da minha família.

O Lar Casa Bela é um local de tranformação

A história do Marquinho que você acabou de ler, mostra que estar em uma casa lar também é a oportunidade para os acolhidos terem os seus direitos garantidos e continuarem transformando as suas histórias de vida. Para que exista uma boa adaptação de crianças e adolescentes acolhidos, assim como o Marquinho teve, a nossa casa lar conta com pessoas especiais que acreditam no nosso trabalho e nos apoiam na missão de dar asas aos sonhos dos meninos e meninas que por aqui passam.

Faça parte da história do Lar Casa Bela. Doe amor, doe carinho, doe esperança!